quinta-feira, 12 de julho de 2007

O mito da caverna

  1. Era uma vez uma família composta por 5 membros: um homem, sua mulher, seus dois filhos e um sobrinho da mulher que era agregado. O pai e a mãe eram super-protetores e haviam desenvolvido uma espécie de síndrome do pânico, assim, acabaram se isolando dentro de casa junto com seus filhos e o sobrinho.

    Construíram uma nova realidade... As crianças pela manhã se dirigiam a um quarto, todos vestidos com a mesma roupa, e lá ficavam até o meio dia, estudando as lições que um professor digital lhes ditava, e aquele quarto chamavam de escola.
    Os pais pela manhã se dirigiam a um pequeno quarto, semelhante a um escritório, passavam lá todo o dia e aquele lugar chamavam de escritório.
    Assistiam televisão à noite e acreditavam em tudo que ela dizia.
    Um dia foi designado ao sobrinho limpar as janelas e quando ele limpava a janela do seu quarto percebeu uma coisa estranha naquela imagem estática : estava descascando em uma das pontas.
    Tocou a ponta, puxou e quase enloqueceu quando descobriu um pedaço de azul tão claro que doia nos seus olhos.
    Destrancou a janela e pulou para fora...
    Passou toda a tarde andando pelas ruas e tocando a grama. Era engraçado: pois ele sempre pensou que a luz da sua casa era a melhor, e que as ruas era sempre sujas e cheias de pessoas más. Pensou em tudo que se deixara acreditar por todos os seus 13 anos e chorou, riu, gritou...
    Já estava escurecendo quando resolveu voltar pra casa, todos lá estavam tristes a não mais poder. Tinham procurado por ele na escola, no escritório, no hospital e no canil; como não o haviam encontrado deduziram que tivesse ido para O OUTRO lado, deveria estar morto nesse momento.

    Quando voltou tentou falar para todos tudo que vira e tudo que descobrira, mas ganhou apenas umas caçoadas dos primos e umas palmadas dos tios. Foi condenado a mais televisão e mais tempo na escola e lá definhou por dois anos, até que fugiu.

    Virou um produtor de televisão e usufrui muito da nova realidade, mas seus tios nunca saíram da outra; achou uma forma de ajudá-los conseguindo mais companheiros para eles...
    E, 33 anos depois, morreu. Triste. Com um sentimento de fracasso.
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