domingo, 12 de dezembro de 2010

Com licença, estou sem tempo para essa conversa de amor


Outro dia me peguei lendo uma poesia de amor de um dos meus poetas preferidos. Pareceu estranho, pareceu distante, mas Drummond, indiferente, parecia genuinamente inspirado. Afinal, por que todos os bons poetas falavam de amor? Por que os romances, incluindo os românticos, são importantes para nossa vida e condição humana?

Cresci com o catolicismo, sei dos mandamentos de Jesus. Já li sobre o budismo e a mensagem de amor de Buda. Qualquer pessoa na rua teria uma resposta pronta sobre como o amor é importante para todos nós e como a vida sem amor é vazia... Mas, me pergunto, de que amor é este que tanto se fala atualmente? É o amor próprio?

Atualmente, venho trilhando o meu caminho profissional com mais afinco e posso dizer que estou em uma situação decisiva. O mundo me diz: isso é importante. Mas meu coração não tem ouvidos. Pareço uma balança desequilibrada pendendo para um lado só e sentindo que falta muito mais.

Parece cafona, parece dramático. Mas o amor também saiu de moda. Cadê a paixão? A racionalidade parece ter se apoderado de todos os nossos relacionamentos e sentir dor de cotovelo é motivo de vergonha. “Ainda nisso?”. O amor no meu tempo, caso algum pesquisador futuro queira saber, é como uma TV LED LCD 3D. Todo mundo diz que é bom e pode até ter um desejo oculto de ter, mas é mais uma daquelas coisas para se ter quando o mais importante já estiver conquistado.

Depois de pensar, na verdade, não é difícil imaginar porque não existem mais aqueles bons poetas...

[Mas não vamos começar as polêmicas sobre o fim do amor. O leitor bem informado sabe que ele sobrevive em brechós cheirando a naftalina, cujos endereços não aparecem no google maps].

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Translação

Às vezes, o mundo segue adiante cumprindo seu involuntário e impiedoso curso.

Mas, às vezes, a gente simplesmente implora...

...para que ele siga.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

A cura




Eu sou a rainha do drama, mas isso soa um pouco mais dramático em inglês. I’m drama queen e eu vou te contar uma história.

Um dia, uma amiga me disse que eu era bipolar, pois, pouco tempo depois de ter dito que o dia estava ótimo, já me reclamava da tempestade que estava por vir. O problema é que não dá para prever os temporais, apenas torcer para ter um sólido abrigo, como o do terceiro porquinho da história, ou se segurar embaixo de um guarda-chuva e torcer para tudo passar depressa.

Esses dias, eu simplesmente cansei de ficar embaixo do frágil guarda-chuva de cinco reais e resolvi que, talvez, fosse melhor surpreender a chuva que esperar o dia em que ela fosse me alcançar. Tirei o guarda-chuva ainda com um pouco de medo, tanto que não tive a coragem de deixá-lo na rua. Resolvi apenas segurá-lo ao meu lado.

Quando a chuva chegou, foi pior do que eu previra. Impiedosa e fria, a água parecia enrijecer todas as minhas articulações e órgãos, especialmente os mais vitais. Arrependi-me da minha audácia, me arrependi de algum dia ter temido a chuva, de ter me acostumado com o teto, que, de fato, nem era tão sólido. De ter depositado muito mais de mim naquela segurança.

Depois de um tempo, a dor só pode piorar. Pior que a dor violenta de estar molhado e desamparado, é a de deixar o abrigo e tudo que vivemos por lá. É, enfim, partir.

Laissez faire.



Uma das pílulas mágicas de Dana Wyse

sábado, 3 de julho de 2010

Superstições


Sexta-feira, 02 de julho de 2010

Desde que era pequena, e, principalmente quando era pequena, nutro uma forte crença em Deus. Não sei se herança de uma família católica praticante ou se um sentimento nato, mas desde pequena aprendi a acreditar que para Ele tudo era possível.

Em todos os momentos difíceis da minha infância, calava a boca e procurava um momento de silêncio interior para pedir: “Meu Deus, eu sei que isso não é importante, mas seria tão bom se o Brasil ganhasse essa Copa”.

Em 1998, eu com nove anos e com o sentimento de que ainda podia mudar o mundo, assistia a final da copa com o coração na mão e a aflição da espera por um gol brasileiro. Rezei uma, duas, três ou até dez vezes. Até que me convenci de que eu estava dando muito azar para o Brasil e resolvi sair de frente para a TV. Peguei uma bola do meu primo que havia sido esquecida em um canto e me lembrei de como era possível mudar as coisas: ora, era acreditando.

Encarei aquela bola e mirei um canto na parede: o meu gol. Posicionei me preparei, respirei fundo e mais uma vez pedi para Deus, para mim mesma e para a Seleção Brasileira. “Se eu acertar essa bola, o Brasil vai fazer um gol”, tentei me convencer. Concentrei-me na bola de leite barata e ensaiei de me posicionar como os grandes jogadores em momentos decisivos. Chutei!

E nenhum barulho veio da TV.

Repeti o ritual uma, duas, três, mil vezes até o apito soar e eu achar que não teria como conviver com um aperto tão grande no peito. Eu falhara.

Doze anos depois, vi o sonho de um hexa escapar da defesa brasileira. Um gol da Holanda. E mais um gol da Holanda. Desliguei a TV achando que estava dando azar para o Brasil. Saí atordoada sem saber o que fazer. Deitei na cama e fiquei tentando não acreditar e não me preocupar. A qualquer momento o Brasil iria mudar o placar. A qualquer momento...

Dormi. Sem rezar, sem tentar fazer o meu gol pelo Brasil... Não era mais a menininha da qual acho graça hoje. Mas o sentimento de derrota era o mesmo.

domingo, 27 de junho de 2010

Filmes ridículos


Amo e odeio filmes românticos. Amo porque acho que eles (os bons, pelo menos) são super fofos, engraçados e uma ótima forma de diversão. Odeio porque a maior parte das tramas se resume a problemas simples, que, se eu estivesse lá, resolveria em menos de uma hora e meia.

Sabe aquela desconfiança que poderia ser resolvida por uma simples pergunta direta? Ou então aquele mal entendido que desapareceria se um deles quisesse ouvir o outro lado? O mais ridículo são as ameaças que obrigam as pessoas a agir de outra maneira e que elas se recusam a revelar por medo, sem parar pra pensar que se elas não nutrissem aquele medo, metade da ameaça já teria sido anulada. Revolto-me na cadeira, mas a única ação que posso tomar é fazer cara de desconforto e esperar o filme acabar bem, o que ocorre depois que uma das pessoas resolve confessar tudo. Dá vontade de dizer: “Viu como foi fácil?”.

É óbvio e muito irritante pro telespectador, mas, para o personagem, está longe disso. Hoje, eu sou essa personagem. Burro, idiota e que pensa que tudo é tão óbvio que a última coisa que deveria fazer era falar.

Falar o quê, aliás? Não tá na cara que eu só queria que você demonstrasse um pouco mais de carinho? Não repeti isso mais de mil vezes? O que custa abrir mão das críticas e perceber que tem uma pessoa aqui com o coração trincado? Sabe aquele dia que você me ligou mais de quatro ou cinco horas depois que eu tinha te dado um toque? Eu só queria rir e te falar que hoje era domingo. Não que você não tenha calendário ou TV. É que domingo é o dia que você faz mais falta que nunca. Que eu poderia só insistir pra assistir aquele filme água-com-açúcar que começou esse texto em vez do filme do homem elefante que a gente nunca terminou. O domingo em que eu poderia querer mexer no photoshop e colocar algumas fotos na internet, mas que você não deixaria, pois você “só vem aqui pra me ver”. No telefone, só queria achar ou sentir, que, afinal, meu domingo não tá assim tão vazio.

Mas o meu vazio, não dá pra preencher em 10 minutos.

“Tchau”

“Beijo, te amo”.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Momento literário 2010 e além...

Estudando para a monografia, me deparei com o tal termo: Momento Literário. Não, não pensem que este é o meu, pois é, na verdade, uma pequena e talvez não tão acertada comparação com o projeto iniciado por João do Rio em 1900.

O escritor e jornalista formulou uma série de questões relacionando a literatura e o jornalismo e as direcionou para uma série de escritores. O conteúdo não vem ao caso. O que me impressionou foi muito mais a palavra "momento". Pensando na minha nova causa contra a efemeridade da pós-modernidade e da internet, comecei a arquitetar uma série de ideias para iniciar meu objetivo.

A leitura, que antes estava agradável e influente, de repente tornou-se um estorvo frente a minha ânsia de escrever. Uma frase saiu do meu livro, voou um pouquinho até cair planando na minha cabeça. Quando vi já estava dizendo: "Cada autor é do seu tempo".

Não que me considere escritora, ou blogueira, ou jornalista, ou letrada. Apenas comecei a me indagar sobre o meu tempo. Este tempo veloz, que cria em nós muitas necessidades. Necessidade de dominar o mundo. "Afinal, isso não é tão difícil para quem tem o mundo a um click", teria pensado Aluísio de Azevêdo, Machado de Assis e até mesmo João Lisboa, sem desconfiar que chegaram muito mais perto de conseguir tal feito.

A mim, parece assustador. Especialmente na minha profissão: o jornalismo. E até mesmo neste meu modesto hobby. Pressões, necessidades, obrigações, o mundo tão perto e tão longe de ser vivenciado. Por fim, cheguei a uma única conclusão sobre este Momento Literário e os próximos que virão. A escassez do tempo para a leitura e a ânsia de escrever e produzir cada vez mais.

Foi nesta parte que fechei meu livro e corri para cá... para escrever.

Foto de Sancho, disponível em Flickr

domingo, 4 de abril de 2010

A moda das revistas de moda

Não existe nada mais in que os termos usados (e abusados) nas revistas de moda. Não importa qual a publicação, há termos must have em todas as edições. É preciso ser uma jornalista antenada para estar prêt-a-porter estes clássicos vaporosos da moda.

As palavrinhas estão no top three das revistas especializadas, apesar de algumas serem um pouco vintage. Aliás, se engana quem não investe no retrô, por isso, os termos mais badalados tem influências cinquentinhas e 80’s. Todas as fashionistas, das cools às supertrendy, estão aderindo a esta volumosa tendência.

Os textos aparecem com diversos shapes, sejam eles estruturados ou não.  Alguns podem aparecer oversized, já outros, sem dúvidas, são muito girlie.  Mas, nada impede a autora de fazer um mix.

Démodé é, de fato, não empregá-los. Assim como quem se recusa a entrar na onda das calças
carrot. Pra deixar o texto glam, o rock também pode dar as caras e incrementar o look. Estes fashion hits compõe os itens obrigatórios para dar um up na matéria. Só não vamos maximizar os estrangeirismos, pois assim o texto pode ficar kitsch e nenhuma jet-setter que se preze vai querer ler!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Águas


Hoje, acordei com a macaca, literalmente! Mesmo com aquele sono proporcionado pelos extraordinários dias de "friozinho" em uma cidade localizada perto da linha do Equador, levantei disposta a tudo. Trabalho, e-mail, orkut, checando tudo em todas as contas possíveis que eu tinha, me deparei com a seguinte notícia: Hoje é o Dia Mundial da Água!

Assim, surgiram os pensamentos mais loucos sobre o assunto:
1.A água, essa gostosa. Brincadeirinhas a parte, mas água é muito bom e é feminino.

2. Hoje é o Dia da Água, né? Que tal um banho de chuva, ou uma boa golada da água da torneira, um banho de cachoeira, de mangueira? E se a água do esgoto estourar? Fiquei louca de tanto pensar em todas as possibilidades da água.

"Afinal" - pensei - "dizem tanto sobre este líquido, que nos move em tudo e torna realidade mais metade das coisas da nossa vida, mas nunca me disseram o essencial. A água é democrática!".

Ri, mas concordei mentalmente. Podem até existir "espécies" diferentes de água, a água doce e salgada estão aí pra dizer, e mesmo as que nós denominamos ou criamos: da chuva, mineral, da torneira, de bunda, com gás, com cara de refrigerante; Mas a verdade é que a água foi, sem dúvida, a melhor invenção já feita em prol da humanidade e do ecossistema.

Foi a maravilha, que mesmo depois de bilhões de anos, ainda nos faz parar e pensar sobre um reflexo peculiar, sobre um movimento circular das pedrinhas em contato com a superfície, sobre os mistérios das profundezas, sobre a vida de animais neste meio. Quando não tenho pressa, pego um copo de água, e, enquanto bebo tento decifrar o gosto sem gosto que enche a nossa boca de água, e a cor sem cor incomparável.

Inquestionavelmente, este Dia é mais que merecido. "Obrigado água por ter deixado proteínas se desenvolverem em você. Como você deve saber, isto nos fez nascer, ao que parece". E digo mais: esse poderia até ser um Dia Universal, mas, acredito que só não façam isso em consideração a Marte.

Para ler boas coisas, diferente dessa, sobre água:

sexta-feira, 5 de março de 2010

Meu doce espaço


Toda vez que ouço falar em redes sociais me bate uma dorzinha de cotovelo. Simplesmente não gosto de falar no assunto, em parte por estar um pouco cansada das discussões que não mudam de foco e não chegam a conclusões significativas, e, por outro lado, por sempre estar desiludida com o meu desempenho bem aquém do que se chamaria de sucesso.

Hoje, no meu estágio, recebemos a ilustre Social Source Addicted, Rafaela Marques, que ficou famosa da noite para o dia por ser a 9.999.999.999 tweetada. As palavras de Rafaela, apesar de todo o meu "pré-conceito", me animaram a retornar aqui e, enfim, ser fiel.

Reli alguns textos e comentários e me reapaixonei por todas as dúvidas e fatos que me acometiam e me moviam a escrever e que agora surgem numa avalanche. Por fim, estou só avisando que voltarei!

Mas mesmo assim o mundo continua seguindo adiante...
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