domingo, 12 de dezembro de 2010

Com licença, estou sem tempo para essa conversa de amor


Outro dia me peguei lendo uma poesia de amor de um dos meus poetas preferidos. Pareceu estranho, pareceu distante, mas Drummond, indiferente, parecia genuinamente inspirado. Afinal, por que todos os bons poetas falavam de amor? Por que os romances, incluindo os românticos, são importantes para nossa vida e condição humana?

Cresci com o catolicismo, sei dos mandamentos de Jesus. Já li sobre o budismo e a mensagem de amor de Buda. Qualquer pessoa na rua teria uma resposta pronta sobre como o amor é importante para todos nós e como a vida sem amor é vazia... Mas, me pergunto, de que amor é este que tanto se fala atualmente? É o amor próprio?

Atualmente, venho trilhando o meu caminho profissional com mais afinco e posso dizer que estou em uma situação decisiva. O mundo me diz: isso é importante. Mas meu coração não tem ouvidos. Pareço uma balança desequilibrada pendendo para um lado só e sentindo que falta muito mais.

Parece cafona, parece dramático. Mas o amor também saiu de moda. Cadê a paixão? A racionalidade parece ter se apoderado de todos os nossos relacionamentos e sentir dor de cotovelo é motivo de vergonha. “Ainda nisso?”. O amor no meu tempo, caso algum pesquisador futuro queira saber, é como uma TV LED LCD 3D. Todo mundo diz que é bom e pode até ter um desejo oculto de ter, mas é mais uma daquelas coisas para se ter quando o mais importante já estiver conquistado.

Depois de pensar, na verdade, não é difícil imaginar porque não existem mais aqueles bons poetas...

[Mas não vamos começar as polêmicas sobre o fim do amor. O leitor bem informado sabe que ele sobrevive em brechós cheirando a naftalina, cujos endereços não aparecem no google maps].

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