quarta-feira, 16 de março de 2011

Não confie em beijos


"Sabe, querido, hesitei em escrever essa carta, mas se o faço é por você. Sei que pode não ter acabado bem e que grande parcela dessa culpa seja minha, mas não posso deixar de ignorar os seus últimos comentários. Ouvir dizer a boca miúda, que você já ama. Apesar dos meus erros e das minhas escolhas, confesso que isso dói em mim. Até pouco, ainda me ressentia bastante pensando que amava você. Evitei muitos caras, um pouco por medo de ser ruim devido aos meus sentimentos por você, um pouco por medo de gostar e descobrir que podia estar enganada quanto a esse amor há um bom tempo. Mas um rapaz, confesso, me tentou e eu sucumbi. Tentei protelar o momento do beijo, mas, num momento em que estava distraída com a conversa, ele simplesmente me beijou. E não foi estranho, não foi insosso, não foi sem graça! Foi doce, foi gostoso, porra, dá vontade de beijar o cara só de lembrar. Imaginei que talvez ele pudesse ser seu substituto, mas não quis contratar sem ter feito a seleção com o restante. Dei sorte! Cinco dentre cinco beijavam absolutamente bem. Uns com um beijo que mais parecia um toque de seda sobre a pele, outros com uma língua exploradora e umas puxadinhas leves no cabelo, todos bons. Conclui que não te amava mais e que poderia ser feliz. Até ouvir falar desta que hoje você diz amar. O beijo dela deve ser bom. Deve beijá-la sem culpa, sem obrigações com um susposto sentimento por mim e com aquela vontade de levar aquilo para algo mais. Talvez você ainda não tenha entendido o porquê desta carta. Mas é simples, querido. Beijos não falam, eles enganam. Não pense que não me ama. Você não sabe, da mesma forma que nunca saberei". 

segunda-feira, 14 de março de 2011

Sem dívidas


Faz tempo que tento mudar: colocar minhas coisas em dia, principalmente minhas contas. Uma delas, em particular, se tornou uma bola de neve. No começo recebi sua doação meio sem querer, mas depois já fui me acostumando. Em um dado momento, não conseguiria passar o mês ou sequer uma semana sem a sua ajuda. Anos a fio levando a vida fácil fazem a gente acreditar que nem tudo na vida a gente tem que pagar. Mas a gente paga. E o preço de disso foi alto.

Tentei pegar emprestado de outros, mas sabia que era uma dívida minha com você. Então, tive que parcelar. Mas uma parcela mensal talvez comprometesse as contas dos meus descendentes (se houvessem). Agora, te pago em dias...

A cada dia, pago minha dívida. Vinte e cinco centavos de pensamentos. Uma pequena recordação ao passar por um caminho, ao ouvir uma música, ao ler uma matéria. Uma pequena tortura para me lembrar que juros não é só uma invenção de banqueiros.

Vinte e cinco centavos de pensamentos diários pelo amor que eu tive.

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