sexta-feira, 3 de junho de 2011

Complexo de Mariana



Você sabe, sempre acreditei que o amor conjugal acontecia apenas uma vez. E até hoje acredito que é assim. Mas não acredito no amor à primeira vista, mesmo que à primeira vista já tenha me sentido conectada com várias pessoas (genes, talvez). Não acredito no Amor de Perdição, acredito no amor cotidiano.

Assim, primeiro você simpatiza e se interessa pela pessoa para, com o tempo, passar a amá-la por todos os dias que passou ao seu lado e por tudo que construíram juntos. Em teoria é isso, sempre achei. Mas na minha vida, não aconteceu assim.

Quando era mais jovem, li a novela de Camilo Castelo Branco e confesso que senti um grande mal estar. Não acreditava que fosse amor o sentimento entre os dois personagens principais. Talvez uma ilusão, uma utopia... Até que apareceu Mariana, a garota que realmente conviveu com o rapaz, que o ajudou e que tinha motivos para dizer que o amava e, quem sabe, para ser retribuída. Nos romances, sempre gostei mais das segundas mulheres, pois elas tinham que fazer mais do que ser bonitas, chorosas e o amor da vida de um protagonista. Mas na vida real, não aconteceu assim.

Nunca tive que lutar pelo amor, nunca vi meu amor sofrer por outra mulher. Na maior parte das vezes, me sentia Teresa. Mas eu não sou escandalosamente bela, nem sensível, nem frágil, nem terna, nem... Não fazia sentido ser o objeto de um amor arrebatador. Mas não reclamava.

Só que a minha novela foi contada ao contrário. Um dia, a verdadeira Teresa apareceu e reivindicou seu posto de mulher amada. Muy bien. Quando a Teresa aparece, não demora muito para que a gente perceba. Nós, Marianas. E, hoje, estou aqui, de mãos atadas. Temendo pelo dia em que o Amor de Perdição te fará pular de um navio. Ela chorará, com certeza. Talvez terá que casar um primo, mas provavelmente sempre lembrará de ti.

Eu? Não tenho escolha. Não conseguirei escutar o barulho do teu corpo caindo no mar, pois nesse minuto sentirei o frio do vento na minha barriga e a água começando a me cobrir. Porque, sabe, meu amor, o amor conjugal só acontece uma vez.

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