quinta-feira, 28 de julho de 2011

Carrée

Levantei. Finalmente livre, senti. Mas o sentimento me atordoou. Livre de que? Ha poucos instantes, me obrigava na tarefa de procurar, escanear, re-vistar. Mais e mais vezes, as mesmas janelas, as mesmas conversas, as mesmas pessoas. Sempre em constante movimento, como em uma quadrilha. Na qual nao fui chamada para dançar. Mais ainda assim estou paralisada. Paralisada de anseio, de curiosidade e de comodismo e de ocio. 

Minha corrente é a espera-nça de uma nova janela com uma nova resposta ou com um rosto desejado, preso em um quadrinho, com palavras presas em um quadro maior: o da falta de expressividade. Espero como quem espera um parente distante depois da guerra. Sou obrigada a esperar, mas nao sei porque.

Em certo momento, acho engraçado pensar que para os filosofos ja estavamos presos ao mundo das aparencias. Para alguns teologos, estavamos presos ao corpo. Ainda consigo sentir as duas prisoes, mesmo sabendo que o meu mundo das ideias é mais uma nova prisao que o nefasto mundo das aparencias me permite criar. A intençao aqui nao é filosofar. Mas me surpreendo ao tentar estipular a quantidade de prisoes às quais eu estaria realmente confinada. 

Ao sair de uma delas, logo começo a refletir e decido retornar, com o pensamento quadrado para caber bem nesse espaço.

[encaro a tela-cela]
moderna promessa
de tudo me ensinar
[até de me libertar?]

Com um haicai* retangular (tomei a liberdade de profanar as tres linhas dos verdadeiros haicai), sucumbo a esta "modernosa-idade" fazendo as devidas reverencias ao meu computador. Era o que faltava!

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