quarta-feira, 16 de maio de 2012

Vibração


Ele parecia se concentrar em algo, mas passada essa primeira impressão, vi que andou confiante até ela e até já familiarizado. Olhou-a com sede e excitado. As mãos dela estavam como que largadas em cima da barriga. Pegou-as da maneira que se pega qualquer coisa, porém, cada um de seus dedos pareceu se fechar lentamente em sua superfície. Ele sentou em um banquinho ainda segurando-as. Parou um instante para colocar a música de fundo e logo em seguida, encarou-a. Enfim, sós. Encaixou seus pés nos delas, como de brincadeira. Apertou seus pés algumas vezes parecendo querer provoca-la. Checou o resultado com um sorriso tímido e voltou sua atenção para todo o corpo. Começou. No início foram só os toques leves nas mãos dela, como que para advertir do que estava por vir. Depois, começou um tour por toda a sua extensão. Os toques eram variados e seguiam o ritmo da música de fundo. Quando eram mais leves e agudos, ele soltava um sorriso consigo mesmo. Mas enquanto isso, sempre mantia sua perna ocupada, se movimentando e fazendo uma certa pressão nela. Às vezes, mordia a boca enquanto a tocava com mais vigor ou acelerava o ritmo. E quando os gemidos que ela emitia iam preenchendo o quarto com uma frequência cada vez maior, também ele ia ficando cada vez mais excitado. Quase se podia sentir o coração bombeando cada vez mais sangue. Revezava os ritmos e os toques a seu bel prazer. Ela só respondia aos seus comandos. Todo o corpo dele estava em sincronia com ela. E quando, finalmente, ela emitiu o barulhinho derradeiro e prolongado, ele era o retrato do gozo. 

- Gostou? – perguntou enxugando um filete de suor que escorria pela têmpora direita. Acenei que sim. – Por que tu tá me olhando desse jeito?
- Eu gosto de te ver assim...

Me aproximei dele e, beijando-o, voltei para minha posição. Ele já fazia menção de recomeçar. Um arrepio correu a minha pele. Há algo de extremamente sexual entre o músico e o seu instrumento.

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