domingo, 23 de dezembro de 2007
Novo Começo: Explanações básicas
Quando me deparei com essa frase pela primeira vez, em um livro de Stephen King, me surpreendi com a simplicidade da frase e ao mesmo tempo com a quantidade de idéias que ela poderia passar.
Stephen King utilizava essa frase em contextos como: Roland perseguiu a homem de preto no deserto, e o mundo seguiu adiante. Ou algo como: Roland, o último matador, já tinha pertencido a uma família, mas isso tinha sido antes do mundo seguir adiante.
Com certeza percebemos que o autor tenta, vez por outra, sublinhar esta frase colocando-a em um contexto que não a delimita, só assegura a possibilidade de uma outra significação.
Demorei-me nesses detalhes a toa, pois não trabalhei no mesmo sentido de SK, pelo menos assim o penso.
Uma garota na janela, e o mundo segue adiante.
Um mito da caverna, e o mundo segue adiante.
Reflexões no ônibus, e o mundo segue adiante.
Um prefeito reclamão, e o mundo segue adiante.
Um cheiro familiar, e o mundo segue adiante.
Esse foi o sentido trabalhado por mim. Quando criei esse blog já pensava em sua real utilidade para o mundo e para mim. Na verdade, não importa o quanto eu escreva, ou sobre o que eu escreva, nem pra quem eu escreva.
O mundo sempre seguirá adiante...
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
Musical
Estou falando de um sentimento que me pega de jeito geralmente quando estou na rua, lugar em que costumam ser estranhas manifestações musicais. Mas hoje eu estava pensando: e se eu estivesse em um musical?
Nesse caso, acredito que não seria estranho sentir vontade de reviver os tempos de coral, ali mesmo, em frente à padaria! Eu poderia correr, cantando e conduzindo uma coreografia. Não interessaria se fosse música de Natal, metal ou reggae. Eu poderia simplesmente gritar “altão”: Hey, teachers! E as pessoas sairiam de casa, me acompanhando em um: Leave these kids alone!
Seria muito engraçado, sem dúvida. Imagino até que, "do nada", poderiam cair rosas de algum lugar ou mesmo aqueles papeizinhos brilhosos que saem de um canhão e grudam na gente.
Eu sinceramente acho que a música tem uma força incrível, como a das cores, na verdade sempre as vejo juntas. É como um "We can be heroes" num cenário todo céu e, logo em seguida um "forever and ever!" agora com algumas explosões coloridas acompanhando o fulgor da música.
É muita besteira, não? No entanto, como diria Aristóteles: "Que seria bom seria, né?"
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
O Shampoo
Com certeza ela estava mudada e ele também.
Observou-a enquanto esta falava e percebeu que ainda restavam algumas manias antigas na fala da garota. Definitivamente ela não havia perdido seu encanto, porém ele sabia que as coisas estavam diferentes.
Sorriu por dentro, agora ele já podia falar com ela sem aquele incômodo frio na barriga e sem o nervosismo que o fazia suar as mãos toda vez que se aproximava um pouco mais.
Escutou-a falar até a hora da despedida. Até que, inesperadamente, a menina o abraçou. Tchau, Fernando. Seus cabelos foram transportados até perto do nariz deste.
O cheiro.
Tudo ao redor... E o cheiro, tão suave e tão imponente.
O reconhecimento.
Uma aproximação tímida há quatro anos, o vento, cabelos balançando e... O mesmo cheiro.
A menina se afastou e sorriu-lhe antes de se virar e partir. Fernando continuou paralisado, preso por um pensamento...
O pensamento.
Ela nunca trocou de shampoo.
Um sentimento.
Bastou-lhe um cheiro para esfriar sua barriga. O cheiro de uma adolescência. O cheiro de um amor verdadeiro.
PS.: Imagem retirada do site deviantart.com, assim como todas as outras xD, mas eu sempre esqueço de colocar o link, excusez-moi.
sábado, 3 de novembro de 2007
Rotação
Todo dia sento em uma parada e espero...
Se observo um ônibus passar no sentido oposto, me alegro. Pronto! Era o sinal de que precisava para me encher de esperanças... minha espera diária estava quase no fim!
Quando minha espera se encerra, não vejo, mas outra pessoa toma meu lugar. E quando um ônibus passa no sentido contrário talvez também se alegre. Sua espera já está quase no fim.
E quando esta segue, sem ninguém saber, outra pessoa toma seu lugar e outra e outra e outra...
Percebi, então, que não vivíamos de 24 em 24 horas.
Claro que não! Nesse momento, percebi que a nossa vida era composta de vários ciclos, não ciclos individuais, mas ciclos conjuntos, como uma brincadeira de roda sem mãos dadas... Percebi apenas o microcosmo da espera pelo Recanto dos Vinhais, e desse ciclo posso afimar: a vida se repete de 15 em 15 minutos.
(Ps.: É até um paradoxo uma imagem tão estática e um título tão estonteante)
sábado, 27 de outubro de 2007
Discussão
- Mas eu pensei...
- PENSOU?!! É EXATAMENTE ISTO QUE ESTOU LHE FALANDO. Não pense. Não I-M-A-G-I-N-E. - disse o tutor enquanto a olhava de forma furiosa.
- Des... desculpe. Eu não qu...
- Francamente, eu nunca esperaria isso de você. Não nas circunstâncias em que nos encontramos, no mundo de hoje.
Dessa vez a menina decidiu não falar. É, é claro que eu estou errada. Virou a cabeça para a janela, mas se arrependeu quase que imediatamente. Lá fora a multidão ainda gritava: PARE DE IMAGINAR! PARE DE IMAGINAR! E a polícia já havia até isolado o seu prédio, mas obviamente não concordavam com o que ela andava fazendo. Não no mundo de hoje.
Uma lágrima fujona quis a todo custo vazar dos seus olhos, mas foi detida no cantinho do seu olho. Ao que parecia todo o mundo estava furioso com ela. Na televisão já se falava que o jugamento estava marcado para o dia seguinte.
Se eu conseguisse sair dessa... Mas como? Não, não há nenhuma forma. Afastou o cabelo dos olhos e implorou para que a voz do seu tutor parasse de girar na sua cabeça: "Não pense".
Arriscou um segundo olhar para fora e desvio-o vagarosamente da multidão, que aprovava em uníssono a nova Lei mundial. Olhou para o céu cinza e percebeu uma pequena mancha amarelada que se aproximava cada vez mais.
- PARE DE IMAGINAR! PARE DE IMAGINAR! - A multidão gritou mais alto e a mancha amarela voltou aflita para o seu esconderijo onde os olhos na janela não poderiam mais vê-la. A multidão continuou a aumentar o tom das vozes e a garota levantou as mãos para segurar a cabeça, parecia que ia rachar!
Enquanto isso, em um ambiente muito menos caótico...
- Marcelo? Marcelo? EI MARCELO!!
- HAN? HAN? Oi, desculpa, eu acho que cochilei. - Disse o menino empertigando-se e aproximando mais o telefone do seu ouvido. Pelo visto a discussão vai recomeçar...
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
Monólogo de Lee
terça-feira, 28 de agosto de 2007
O Prefeito reclamão
Não havia dúvida que nenhum prefeito havia sido melhor que aquele, mesmo que a cidade nunca confessasse isso e mesmo que não aparecesse nos outdoors ou nos jornais.
Mesmo sendo muito bom, e tendo o amor daquela pequena cidade, o prefeito por achar que dava o máximo de si, sempre exigia muito da cidade: ele reclamava porque os habitantes ainda jogavam lixo em algumas calçadas, porque as crianças estavam quebrando as vidraças, porque a parede da prefeitura estava descascando, porque as árvores não estavam no tom de verde que deveriam estar, porque os pássaros tinham pego uma gripe, porque os imigrantes não viajavam muito pra lá, entre outras milhões de coisas.
Um dia apareceu um rato metido a pilantra e enganador, estudou a cidade por alguns dias e bolou o seu plano. Reuniu os habitantes e perguntou se já não estava na hora de uma eleição, se não queriam um novo prefeito. Como todos amavam o prefeito, apesar de não apertarem sua mão nas passeatas, todos disseram que não.
Mas o rato não estava nem aí, lançou sua candidatura e que surpresa!
Ganhou a eleição.
E comandou bem. E mudou aquela população apenas com seu jeitão de "não estou nem aí, pois eu sei que vai ser como eu quero". E o que ele queria, era o que a população sempre desejou: deixar de ser atrapalhada e construir uma linda cidade.
O bom esquilo nunca entendeu bem porque a cidade não colaborou com ele... Logo ele, tão paciente e tão bom!
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
Um sonho...
terça-feira, 14 de agosto de 2007
Títulos de Ônibus 1
Aqui no Maranhão eu não sei qual é a lógica que eles usam, quer dizer, tem altos nomes que é nome de bairro, a maioria até, mas tem uns que sabe lá de onde veio!
Hoje eu tava na parada quando do nada eu leio: Operária - São Francisco
tipo, normal, nome normal de ônibus, mas resolvi fazer uma brincadeira. Vendo que o ônibus ia lotar, eu disse:
- Tadinha da operária, não sei como ela consegue carregar essa galera!
Aí o meu companheiro de Parada disse:
- Que nada! ela tem a ajuda de São Francisco!!
Aí eu resolvi! Vou seguir o raciocínio:
- Éguas, tem uma galera que vai pra esse parque, né?
- Que parque, o golden?
- Não o PARQUE da VITÓRIA!
- Ei rapá, num pega esse ônibus não...
- Porque?
- É que um amigo meu me contou uma história outro dia...
- Que história?
- Rapaz, meu amigo tava nesse ônibus carregando um pote, aí du nada, o ônibus passa vuado numa ladeira e num é que QUEBRA o POTE!
continua...
quinta-feira, 9 de agosto de 2007
Era uma vez uma garota clara e loira com uma vida normal e desejos iguais aos das outras garotas. No seu quarto havia uma grande janela, limpa e brilhante. Um dia, sentada na sua cama, parou para contemplar a vizinhança: a bonita rua de pedras e todas as casinhas de madeira parecidas que davam uma incrível sensação de aconchego. Sem falar das árvores com folhas amarelas que completavam a visão.
Eis que invadiu sua visão e sua melancolia, uma curiosa silhueta. Apenas uma pequena sombra com cabelos esvoaçantes... Fitou aquela sombra como se não houvesse mais outra coisa no mundo, a cabeça rodou, delirou e olhou, mais uma vez, mesmo que em nenhum momento tivesse parado de olhar.
A silhueta captou aquele olhar, e poderíamos dizer até que foi isso e não uma brisa gelada que fez todo o seu corpo vibrar, voltou-se para janela que escancarava aquele olhar tão belo e tão...conhecido. A silhueta era um garoto. Ele respirou fundo e andou até a janela, parou a menos de um metro e sem tentar exprimir uma palavra ficou lá por meia hora conversando com aqueles olhos.
No dia seguinte os amantes repetiram o mesmo encontro, entre a mesma janela e no mesmo horário. Prosseguiram assim por um mês, dois e mais... Sem nunca trocar uma palavra, sem nunca arriscar...
E o inverno chegou para embassar aquela janela, e a poeira ali já fazia residência, mas a menina não limpou...deixou que o vento e a sujeira cobrissem todo o vidro, antes tão limpo e brilhoso. Restava ainda uma fresta e por ela, a menina percebia os olhos do garoto, todo dia, no mesmo horário. Até que a cruel poeira a cobriu por inteiro, mas a menina continuou ali, todos os dias no mesmo horário e jurava sentir a presença do amado.
O inverno ficou mais rigoroso na sua janela, cada vez mais frio.
Um dia entrou no quarto e encontrou a janela limpa, seu coração disparou, ela poderia enfim ver aqueles olhos sedosos e esquivos novamente, esperou pela hora com o coração na mão e ela tardou, mas chegou:
As árvores mudavam agora o tom da visão, estavam verdes e convidativas, mas isso não importava, o que importava era aquela forma brilhante cortando as ruas, era ele, ela sabia...
Ele andava distraído, nem parecia saber para onde ia, porém inconscientemente parou na rua no ponto que ficava em frente a casa da garota.
Ela esperou, mas ele não veio.
Voltou as costas para aquela janela e se dirijiu a porta da casa que ficava em frente, tocou a campainha e a porta se abriu. De lá saiu uma garota, trocaram algumas palavras e prosseguiram pelo resto do caminho de mãos dadas.
E a garota nunca saiu da janela...
terça-feira, 7 de agosto de 2007
A função de sempre.
quinta-feira, 12 de julho de 2007
O mito da caverna
- Era uma vez uma família composta por 5 membros: um homem, sua mulher, seus dois filhos e um sobrinho da mulher que era agregado. O pai e a mãe eram super-protetores e haviam desenvolvido uma espécie de síndrome do pânico, assim, acabaram se isolando dentro de casa junto com seus filhos e o sobrinho.
Construíram uma nova realidade... As crianças pela manhã se dirigiam a um quarto, todos vestidos com a mesma roupa, e lá ficavam até o meio dia, estudando as lições que um professor digital lhes ditava, e aquele quarto chamavam de escola.
Os pais pela manhã se dirigiam a um pequeno quarto, semelhante a um escritório, passavam lá todo o dia e aquele lugar chamavam de escritório.
Assistiam televisão à noite e acreditavam em tudo que ela dizia.
Um dia foi designado ao sobrinho limpar as janelas e quando ele limpava a janela do seu quarto percebeu uma coisa estranha naquela imagem estática : estava descascando em uma das pontas.
Tocou a ponta, puxou e quase enloqueceu quando descobriu um pedaço de azul tão claro que doia nos seus olhos.
Destrancou a janela e pulou para fora...
Passou toda a tarde andando pelas ruas e tocando a grama. Era engraçado: pois ele sempre pensou que a luz da sua casa era a melhor, e que as ruas era sempre sujas e cheias de pessoas más. Pensou em tudo que se deixara acreditar por todos os seus 13 anos e chorou, riu, gritou...
Já estava escurecendo quando resolveu voltar pra casa, todos lá estavam tristes a não mais poder. Tinham procurado por ele na escola, no escritório, no hospital e no canil; como não o haviam encontrado deduziram que tivesse ido para O OUTRO lado, deveria estar morto nesse momento.
Quando voltou tentou falar para todos tudo que vira e tudo que descobrira, mas ganhou apenas umas caçoadas dos primos e umas palmadas dos tios. Foi condenado a mais televisão e mais tempo na escola e lá definhou por dois anos, até que fugiu.
Virou um produtor de televisão e usufrui muito da nova realidade, mas seus tios nunca saíram da outra; achou uma forma de ajudá-los conseguindo mais companheiros para eles...
E, 33 anos depois, morreu. Triste. Com um sentimento de fracasso.