Era questão de tempo até eu encontrar uma forma de te
conhecer. Já havia te observado duas ou três vezes. Já tinha arriscado contato
visual (infelizmente, sem sucesso). E, sem querer, tinha descoberto teu nome:
um amigo havia comentado na foto de outra pessoa, que tinha te marcado. Méritos
do Facebook.
Era questão de tempo e o meu tempo estava acabando. Passagem
comprada, despedidas marcadas, com direito a noite das garotas. O lugar de
sempre e um show dos nossos amigos. Meus e seus. E, na noite das garotas, eu
queria um rapaz. Fiz as contas, subtraí três e decidi arriscar. Havia noventa e
nove por cento de chances de você estar lá, mas só cinquenta de estar só. Tudo
bem, era uma margem com a qual dava pra trabalhar.
Ainda não sabia o que falar. Primeiramente, boa noite. E o
nome, claro. Me apresentar. Talvez desse pra contar a história da viagem. Quem
sabe nem fosse preciso... Mas antes de tudo, já sabia, não podia me precipitar.
Um pouquinho de contato visual não fazia mal pra ninguém. E nada de tiradas
diretas dessa vez! Ou engraçadas (afinal, nunca eram). Exceto se já tivesse
rolado tequila. Então já estaria tudo desculpado.
Estava tudo pronto. Todas as caras conhecidas por lá. A
noite prometia saudosismo antecipado, danças estranhas, piadas internas e
fotos constrangedoras. Eu e as meninas não queríamos causar, só queríamos estar
juntas mais uma vez e eu, de quebra, queria conhecer você.
Naquela noite, realmente houve tequilas. Duas, poucas,
ninguém queria exagerar. A banda tocou o que tinha de tocar e eu ganhei a última
música. Não sei quantas novas piadas surgiram. Uma com barba, talvez. Não sei
quantas horas se passaram ou com quantas pessoas conversamos e nem quando voltamos. Estávamos de carona.
Nessa noite, eu dancei, ri e fiquei feliz. Não pensei em
você. Estava com as melhores companhias que poderia desejar. Até conversei com
alguns rapazes, mas, mudei de ideia, por que a noite era realmente das meninas.
Aconteceu o que poderia e deveria acontecer naquele lugar e com aquelas pessoas,
dois dias antes da viagem.
Hoje, porém, me flagrei pensando no tempo que
poderíamos ter aproveitado. É difícil calcular as variáveis, mas gosto de pensar
que poderia ter sido ali. E, assim, muita coisa poderia ter mudado para nós. Por
outro lado, também temo o que poderia ter sido feito daquele dia. Talvez
corresse tudo bem, mas você ainda não soubesse que aquela garota de blusa branca
que puxou assunto seria eu. Poderíamos ter ido até o fim. E talvez eu tivesse
trocado a minha carona, por uma ida ao motel, com um cara que eu ainda não
sabia que seria você. Confesso que, conhecendo você hoje, queria que essa
tivesse sido uma opção boa e a verdadeira. Mas, talvez, só perdêssemos o
interesse ou a hora certa.
Ao mesmo tempo em que queria ter te conhecido desde o
início, desde antes de estar tão longe e por tanto tempo, imagino que o destino
(esta série de acontecimentos sem propósito que algum dia conduz a outro lugar)
se manifestou nesse dia e te fez não aparecer naquele lugar. Se eu fosse rescrever aquele dia, acharia melhor não nos conhecermos mesmo, mas mudaria, pelo
menos, o motivo de você não estar lá.
Estava no motel. Outras garotas no meu lugar.