quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Translação

Às vezes, o mundo segue adiante cumprindo seu involuntário e impiedoso curso.

Mas, às vezes, a gente simplesmente implora...

...para que ele siga.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

A cura




Eu sou a rainha do drama, mas isso soa um pouco mais dramático em inglês. I’m drama queen e eu vou te contar uma história.

Um dia, uma amiga me disse que eu era bipolar, pois, pouco tempo depois de ter dito que o dia estava ótimo, já me reclamava da tempestade que estava por vir. O problema é que não dá para prever os temporais, apenas torcer para ter um sólido abrigo, como o do terceiro porquinho da história, ou se segurar embaixo de um guarda-chuva e torcer para tudo passar depressa.

Esses dias, eu simplesmente cansei de ficar embaixo do frágil guarda-chuva de cinco reais e resolvi que, talvez, fosse melhor surpreender a chuva que esperar o dia em que ela fosse me alcançar. Tirei o guarda-chuva ainda com um pouco de medo, tanto que não tive a coragem de deixá-lo na rua. Resolvi apenas segurá-lo ao meu lado.

Quando a chuva chegou, foi pior do que eu previra. Impiedosa e fria, a água parecia enrijecer todas as minhas articulações e órgãos, especialmente os mais vitais. Arrependi-me da minha audácia, me arrependi de algum dia ter temido a chuva, de ter me acostumado com o teto, que, de fato, nem era tão sólido. De ter depositado muito mais de mim naquela segurança.

Depois de um tempo, a dor só pode piorar. Pior que a dor violenta de estar molhado e desamparado, é a de deixar o abrigo e tudo que vivemos por lá. É, enfim, partir.

Laissez faire.



Uma das pílulas mágicas de Dana Wyse

sábado, 3 de julho de 2010

Superstições


Sexta-feira, 02 de julho de 2010

Desde que era pequena, e, principalmente quando era pequena, nutro uma forte crença em Deus. Não sei se herança de uma família católica praticante ou se um sentimento nato, mas desde pequena aprendi a acreditar que para Ele tudo era possível.

Em todos os momentos difíceis da minha infância, calava a boca e procurava um momento de silêncio interior para pedir: “Meu Deus, eu sei que isso não é importante, mas seria tão bom se o Brasil ganhasse essa Copa”.

Em 1998, eu com nove anos e com o sentimento de que ainda podia mudar o mundo, assistia a final da copa com o coração na mão e a aflição da espera por um gol brasileiro. Rezei uma, duas, três ou até dez vezes. Até que me convenci de que eu estava dando muito azar para o Brasil e resolvi sair de frente para a TV. Peguei uma bola do meu primo que havia sido esquecida em um canto e me lembrei de como era possível mudar as coisas: ora, era acreditando.

Encarei aquela bola e mirei um canto na parede: o meu gol. Posicionei me preparei, respirei fundo e mais uma vez pedi para Deus, para mim mesma e para a Seleção Brasileira. “Se eu acertar essa bola, o Brasil vai fazer um gol”, tentei me convencer. Concentrei-me na bola de leite barata e ensaiei de me posicionar como os grandes jogadores em momentos decisivos. Chutei!

E nenhum barulho veio da TV.

Repeti o ritual uma, duas, três, mil vezes até o apito soar e eu achar que não teria como conviver com um aperto tão grande no peito. Eu falhara.

Doze anos depois, vi o sonho de um hexa escapar da defesa brasileira. Um gol da Holanda. E mais um gol da Holanda. Desliguei a TV achando que estava dando azar para o Brasil. Saí atordoada sem saber o que fazer. Deitei na cama e fiquei tentando não acreditar e não me preocupar. A qualquer momento o Brasil iria mudar o placar. A qualquer momento...

Dormi. Sem rezar, sem tentar fazer o meu gol pelo Brasil... Não era mais a menininha da qual acho graça hoje. Mas o sentimento de derrota era o mesmo.

domingo, 27 de junho de 2010

Filmes ridículos


Amo e odeio filmes românticos. Amo porque acho que eles (os bons, pelo menos) são super fofos, engraçados e uma ótima forma de diversão. Odeio porque a maior parte das tramas se resume a problemas simples, que, se eu estivesse lá, resolveria em menos de uma hora e meia.

Sabe aquela desconfiança que poderia ser resolvida por uma simples pergunta direta? Ou então aquele mal entendido que desapareceria se um deles quisesse ouvir o outro lado? O mais ridículo são as ameaças que obrigam as pessoas a agir de outra maneira e que elas se recusam a revelar por medo, sem parar pra pensar que se elas não nutrissem aquele medo, metade da ameaça já teria sido anulada. Revolto-me na cadeira, mas a única ação que posso tomar é fazer cara de desconforto e esperar o filme acabar bem, o que ocorre depois que uma das pessoas resolve confessar tudo. Dá vontade de dizer: “Viu como foi fácil?”.

É óbvio e muito irritante pro telespectador, mas, para o personagem, está longe disso. Hoje, eu sou essa personagem. Burro, idiota e que pensa que tudo é tão óbvio que a última coisa que deveria fazer era falar.

Falar o quê, aliás? Não tá na cara que eu só queria que você demonstrasse um pouco mais de carinho? Não repeti isso mais de mil vezes? O que custa abrir mão das críticas e perceber que tem uma pessoa aqui com o coração trincado? Sabe aquele dia que você me ligou mais de quatro ou cinco horas depois que eu tinha te dado um toque? Eu só queria rir e te falar que hoje era domingo. Não que você não tenha calendário ou TV. É que domingo é o dia que você faz mais falta que nunca. Que eu poderia só insistir pra assistir aquele filme água-com-açúcar que começou esse texto em vez do filme do homem elefante que a gente nunca terminou. O domingo em que eu poderia querer mexer no photoshop e colocar algumas fotos na internet, mas que você não deixaria, pois você “só vem aqui pra me ver”. No telefone, só queria achar ou sentir, que, afinal, meu domingo não tá assim tão vazio.

Mas o meu vazio, não dá pra preencher em 10 minutos.

“Tchau”

“Beijo, te amo”.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Momento literário 2010 e além...

Estudando para a monografia, me deparei com o tal termo: Momento Literário. Não, não pensem que este é o meu, pois é, na verdade, uma pequena e talvez não tão acertada comparação com o projeto iniciado por João do Rio em 1900.

O escritor e jornalista formulou uma série de questões relacionando a literatura e o jornalismo e as direcionou para uma série de escritores. O conteúdo não vem ao caso. O que me impressionou foi muito mais a palavra "momento". Pensando na minha nova causa contra a efemeridade da pós-modernidade e da internet, comecei a arquitetar uma série de ideias para iniciar meu objetivo.

A leitura, que antes estava agradável e influente, de repente tornou-se um estorvo frente a minha ânsia de escrever. Uma frase saiu do meu livro, voou um pouquinho até cair planando na minha cabeça. Quando vi já estava dizendo: "Cada autor é do seu tempo".

Não que me considere escritora, ou blogueira, ou jornalista, ou letrada. Apenas comecei a me indagar sobre o meu tempo. Este tempo veloz, que cria em nós muitas necessidades. Necessidade de dominar o mundo. "Afinal, isso não é tão difícil para quem tem o mundo a um click", teria pensado Aluísio de Azevêdo, Machado de Assis e até mesmo João Lisboa, sem desconfiar que chegaram muito mais perto de conseguir tal feito.

A mim, parece assustador. Especialmente na minha profissão: o jornalismo. E até mesmo neste meu modesto hobby. Pressões, necessidades, obrigações, o mundo tão perto e tão longe de ser vivenciado. Por fim, cheguei a uma única conclusão sobre este Momento Literário e os próximos que virão. A escassez do tempo para a leitura e a ânsia de escrever e produzir cada vez mais.

Foi nesta parte que fechei meu livro e corri para cá... para escrever.

Foto de Sancho, disponível em Flickr
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