Eu sou a rainha do drama, mas isso soa um pouco mais dramático em inglês. I’m drama queen e eu vou te contar uma história.
Um dia, uma amiga me disse que eu era bipolar, pois, pouco tempo depois de ter dito que o dia estava ótimo, já me reclamava da tempestade que estava por vir. O problema é que não dá para prever os temporais, apenas torcer para ter um sólido abrigo, como o do terceiro porquinho da história, ou se segurar embaixo de um guarda-chuva e torcer para tudo passar depressa.
Esses dias, eu simplesmente cansei de ficar embaixo do frágil guarda-chuva de cinco reais e resolvi que, talvez, fosse melhor surpreender a chuva que esperar o dia em que ela fosse me alcançar. Tirei o guarda-chuva ainda com um pouco de medo, tanto que não tive a coragem de deixá-lo na rua. Resolvi apenas segurá-lo ao meu lado.
Quando a chuva chegou, foi pior do que eu previra. Impiedosa e fria, a água parecia enrijecer todas as minhas articulações e órgãos, especialmente os mais vitais. Arrependi-me da minha audácia, me arrependi de algum dia ter temido a chuva, de ter me acostumado com o teto, que, de fato, nem era tão sólido. De ter depositado muito mais de mim naquela segurança.
Depois de um tempo, a dor só pode piorar. Pior que a dor violenta de estar molhado e desamparado, é a de deixar o abrigo e tudo que vivemos por lá. É, enfim, partir.
Laissez faire.
Uma das pílulas mágicas de Dana Wyse
2 comentários:
A cura pode estar na chuva...ouno sol...depende de como o encaramos!
um texto leve e bonito para falar de uma situação triste e que traz com ela o peso da angústia.
teu texto me lembrou, por um lado, "santa chuva" de los hermanos, e por outro, algo que costumo pensar sobre tudo e que está relacionado a esse comentário que Franck te deixa, que é sobre repensar as situações.
A chuva pode ser, se a gente quiser, o teto da dança, da brincadeira, das alegrias.
mas se for mesmo isso, de a chuva não ser tão boa assim, eu sugiro esperar o tempo trazer a mudança do tempo, e com o sol, a roupa há de secar e o calor há de trazer a alegria das coisas novamente.
um abraço, seane, imenso, do tamanho dos teus sentimentos, sejam eles bipolares ou não.
Postar um comentário