Não tive medo de ser incompleta, de ser quebrada, de ser
ferida. Não tive medo de jogar no ventilador meus ciúmes, minhas dores e
mesquinharias. Não tive medo de ser triste em meio a um mundo de gatinhos e balões
coloridos jpeg. E nem vergonha de dizer que minha tristeza era das pequenas.
Era mais fácil ser menor, vazia e solitária. Que explicar para
o mundo que era fácil demais estar feliz ao teu lado. Se houve luta, foi
ensaiada. Se houve poesia, foi menor que um haicai. Não houve dúvida, nunca
houve clímax e o único erro, se houve, foi o da minha vergonha de acreditar.
Tive vergonha de trocar a liberdade de ser triste pelo
sacrifício de ser feliz. Tive vergonha de te chamar de amor. Mas antes que
pudesse calar, todos já tinham ouvido. Tive vergonha de confessar: que você me
fez querer tudo que era miúdo e lugar-comum e que eu sempre achei que não
combinava com a cor dos meus olhos. Eu quis o brincar de falar de filhos futuros,
com nomes péssimos. Desejei anéis de compromissos, aulas de massagens, viagens
para Porto de Galinhas, alimentação saudável, direção sem álcool e dividir
despesas. Eu ri das tuas piores piadas só porque eu já estava no meio caminho
com o sorriso bobo que você me deu de presente.
Ainda tive vergonha de que você me fizesse mais uma, me
fizesse normal e me fizesse tédio. Desculpa, eu não sabia que eu já era clichê.
No entanto, quando, uma vez mais, senti tua mão na minha, parei de temer. Que
parte do meu mundo se apagasse.
Pois os capítulos dessa história que eu escrevi sozinha estavam
todos errados.
Vamos ter que refazer.
Um comentário:
Consoante com a data da postagem, está uma data triste do meu término de relacionamento. Engraçado dizer que parece que foram meus dedos que digitaram esse desabafo.
Parabéns.
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