Um dia jogaram na minha cara: tu gostas de sofrer. Eu não. Nós. Minha geração.
No começo achavam que nós éramos apenas românticos. Uma
geração emocionalmente idealista que surgiu em meio a uma exposição ao sexo e
violência constante, que chamavam de realidade. Estavam enganados. Não éramos a
geração do amor. Éramos a geração do amor eterno, incondicional, impossível.
Não importava a felicidade, não importava um momento feliz. Importava a
intensidade, importava a dificuldade, a luta, a busca incansável. E, em todas
elas, importava a dor. Minha geração achava que o ultra-romantismo era legal e
que o realismo só podia ter o dedo de um militante da UNE.
E quanto mais essa geração se formava, os mais novos vinham
confirmar. Eles elegeram Crepúsculo como seu símbolo. Mas eles não estavam
apostando no amor sobre todas as barreiras. Eles previam sofrimento e corações
devastados. O vampiro foi traído com um homem casado pela namorada entediada. E
nós meio que já imaginávamos isso. O que é mais da nossa geração que uma
criatura reclusa e sombria destruída de amor?
Minha geração procura motivos para cantar que o amor é uma
charada cruel. Minha geração acha que querer morrer é amar de verdade. Que tudo
era uma bagunça antes de “você” chegar e que depois só piorou. E, enquanto
todos fingem que sua meta de vida é se sentir feliz, ter um bom emprego e
posar de inteiro, os poetas do meu tempo estão sempre aos pedaços, imobilizados
no chão frio.
E eu? Não posso mais fingir. Vou tirar o dia de folga do
mundo. Vou deitar no chão e chorar. Vou fazer greve de fome. Vou beber cachaça até soluçar. Vou pedir pra me mudar, ir pra outro país, me isolar. Tentar te
esquecer, tentar... Escrever textos melancólicos. Cultivar meu broken heart. E,
se depois de narrar nossa história de amor e o desfecho dramático, alguém vier
me perguntar o que eu vou fazer agora, a resposta não vai ser “seguir a vida”, “me
ocupar” ou “procurar alguém melhor”. Vou fechar os olhos lentamente, respirar
fundo, puxar a minha bolsa de qualquer jeito e começar a me arrastar em direção a minha casa... Vou
sofrer. Só isso.
3 comentários:
O amor machuca, doi e marca. :/ Mas vai passar.
Não precisa se preocupar, Jéssica. Essa foi apenas a minha forma de mostrar que eu sou a favor da dor de cotovelo.
a dor é um vicio!
Postar um comentário