Oi, Juninho. Aqui é a vovó. A vovó tá aqui, bebê. Desculpa
só ter chegado agora. Lembra que eu disse que não podia faltar o trabalho?
Desculpa, meu filho. Eu não sabia que não ia mais te ver. Juninho, tá tudo bem
com você agora? Você parou de sentir dor? Papai do céu tá cuidando de você? Meu
filhinho, tenho certeza que você vai ficar bem. A vovó é que não sabe como vai
ficar sem você aqui. A vovó te ama tanto, meu filho. Ela nem acredita que
você...
Ai, Juninho, sabe por que a vovó tá querendo conversar com
você? Porque ela precisa que você entenda, meu filho, que ela te ama. Todo
mundo aqui te ama. Tua mãe não sabe o que fazer. E o teu irmão não sabe o que
aconteceu, mas não para de perguntar por você. Juninho, você só tinha dois
anos, Meu Deus! Já vivi muito nessa vida, criei tua mãe e teu tio com um
salário mínimo. E depois acolhi a vizinha lá em casa junto com a filhinha dela.
E depois veio o teu irmão e depois você, Júnior. A gente é pobre demais, meu
filho. Mas a nossa família sempre se virou. Eu não sei por que você, logo você,
meu bebê, teve que...
Juninho, a vovó te ama. Não esquece disso, tá? Talvez a
gente não tenha como te enterrar, mas a gente te ama. Meu filho, eles tão
pedindo 3 mil reais pra te enterrar. Mas, Júnior, se a gente tivesse esse dinheiro,
talvez você estivesse aqui... E não dá
pra fingir que vamos conseguir pagar isso em mil parcelas. A gente precisa de
cada centavo do meu salário, meu filho. Tem o teu irmão, tua mãe, teu tio e a
tua vó que já tá ficando velha, meu filho. Todo mundo diz que tempo é dinheiro,
Juninho. Mas acho que só tempo mesmo. Porque o sofrimento da tua vó, meu filho,
não vale nada. Júnior, não sei se você
tá entendendo. Júnior, nós vamos deixar teu corpinho aqui. Júnior, a gente te
ama...
Mas a gente não pode te enterrar.
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