terça-feira, 29 de abril de 2008

Torre de Babel

Sentado confortavelmente em um sofá caramelo, Jean conversava com sua namorada. Animadíssima, ela exibia uma camiseta vermelha com uma estranha imagem pintada.

- Olha que lindo! Eu que fiz! – disse a menina com uma voz fina, enjoativa e que lembrava a imitação mal feita da voz de outra pessoa.

Jean resolveu provocar dizendo, com uma voz fina, enjoativa e que lembrava a imitação mal feita da voz de outra pessoa, que era mentira, que ela nunca teria feito aquilo. Contrariada, ela resolveu provar:

- Fui eu! – Disse em tom orgulhoso e com a mesma voz fina, enjoativa e que lembrava a imitação mal feita da voz de outra pessoa. – Eu fiz na minha oficina de estêncio.

Seu namorado, não se dando por satisfeito, resolveu especular. Perguntou, como quem não quer nada e com sua típica voz fina, enjoativa e que lembrava a imitação mal feita da voz de outra pessoa, se ela havia paquerado algum garoto. A menina retrucou dizendo que não, não havia paquerado ninguém, mas que o professor bem que tinha lhe dado bola. Jean amarrou a cara e disse que ela ficasse com o professor então. Sua namorada tentou consertar.

- Na verdade, ele não era professor, ele era só o menino que tava ensinando a fazer. – explicou apressadamente.

- Ah, então foi por isso que tu paquerou com ele? – indagou Jean, com um tom divertido antes de ambos caírem na gargalhada.

***

- Miau meeeê meow – disse a gata Panqueca com voz fina, enjoativa e que lembrava a imitação mal feita da voz de outra pessoa. Ela estivera escutando a narração de toda a historinha acima. Como poucos sabem miauês, traduzirei a palavras de Panqueca na seguinte frase: “Não entendi porque todo mundo tem a mesma voz!”

- Porque sou eu quem narra, oras! – disse a autora com uma voz que lembrava a voz fina e enjoativa, isto é, caso ela estivesse tentando fazer a imitação da voz de alguém.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

A origem das torturas dentárias


Assistindo clipes de rappers ou cantores de hip-hop com todos os seus ouros e aparelhos de diamantes, me recordei de uma história sem precedente na história da humanidade. Tal história marca o início de um método de tortura menos estudado que utilizado, a tortura dentária. A pergunta que deu origem a esta história foi: da onde surgiu a idéia de arrancar os dentes saudáveis dos homens com métodos grotescos e sem nenhuma anestesia?
Aconteceu há muito tempo, poderia ter sido na época da Pedra Polida, mas não o foi por um simples querer do Tempo que acreditava que a Idade Média era o cenário ideal para o desenrolar da história. A nossa personagem principal é Rufão, nobre senhor feudal, glutão e colecionador de inimigos. Rufão, como todos naquela época, tinha um nome, uma vírgula e um predicativo logo após a vírgula que representava a característica pela qual ele ficaria conhecido através da história. No entanto, o acaso, que aqui quer dizer uns ladrões miseráveis, mudou significativamente o curso da sua história.
Rufão, Dentes de Diamantes. Como disse, Rufão era tão odiado quanto rico, e sua riqueza não se limitava aos 32 dentes de diamantes que colocara na boca. Um dia, recebeu um mensageiro em seu palácio que trazia uma carta do Rei de ***, reino onde se encontravam as suas terras. Segundo a carta, o Rei requisitava com urgência a sua presença em Rois, pois o reino estava na iminência de ser atacado pelos malditos ugevêses, bárbaros que se disseminavam como doença viral pelo seu território: tomando suas mulheres, matando suas crianças, comendo suas lebres e construindo casas cafoníssimas por onde passavam.
Rufão, que há muito passara a discordar das posições e alianças feitas pelo Rei, estava muito pouco interessado em entrar nessa furada, portanto, mobilizou apenas 30 de seus guerreiros e partiu para Rois, a fim de comunicar sua resolução ao Rei e aos outros senhores que lá se reuniriam.
Rufão cavalgava sempre a frente de seus guerreiros, pois não temia os pequenos vermes que se escondiam na estrada, desconhecia ele, que esses vermes agora integravam um clã e já tinham ótimas estratégias de assalto. Nessa época, além dos imensos vestidos com armação e das perucas brancas, também estavam em alta os seqüestros. Percebendo a aproximação de uma figura bem vestida e de dentes reluzentes, os bandidos imediatamente o reconhecerem como nobre e, ora, você já sabe o que aconteceu! Não passou outra coisa pela cabeça destes que não seqüestrá-lo e pedir uma boa recompensa para a sua família. E assim o fizeram.
Os soldados, que não estavam muito interessados em viajar até Rois, não se importaram de, após simular uma luta, voltar correndo para o palácio e avisar às esposas de Rufão o ocorrido.
Os ladrões já pensavam em como negociar o resgate quando, finalmente, reconhecendo o nosso glutão se deram conta da riqueza que estava escondida por aqueles lábios e aquelas bochechas gordas. Não era à toa que Rufão não dava um piu. Mal acreditando na sorte, os ladrões sem demora tiraram-lhe toda a roupa, roubaram suas moedas e o amarraram em uma árvore, pegaram uma maça e, sem cuidado algum, abriram-lhe a boca e começaram a arrancar-lhe os dentes. Após arrancarem uns vinte, pararam.
Esta parte da história é uma incógnita, pois não possuíam nenhum empecilho, pelo menos ao que nos parece. Porém, o desfecho da história nos permite algumas especulações...

Prossigamos: enfim, encontrou-se Rufão alguns dias depois: desnudo e amarrado a mesma árvore em que haviam arrancado alguns de seus dentes. Ele estava faminto, mas a boca já cessara de sangrar e ao ver seus homens, relatam que até emitiu "um sorriso sereno". Ao pé de Rufão, encontraram um pedaço de couro marcado com algumas escrituras. Poucos sabiam ler naquela época, nem o nobre Rufão o sabia. Demorou-se meio século especulando como ladrões do mato desenvolveram essa arte.

Por fim, após longos estudos descobriu-se que estes mesmo ladrões haviam inventado um novo idioma, que posteriormente foi adotado pelos habitantes do feudo de Rufão, e que no pedaço de couro haviam escrito:
“Coma menos lagarto,
Rufão, Bafo de gato!"
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