sábado, 24 de maio de 2008

O mágico Canto Orfeônico


Fazendo algumas pesquisas sobre educação, música e Grécia, me deparei com o desconhecido: um tal canto Orfeônico. Instigada pela curiosidade tentei entender que tipo de canto era este e, agora, em síntese, lhe apresento o fruto de uma pesquisa relativamente extensa, mas muito proveitosa.

Orfeu (do grego Orpheos) é, como até a difamada wikipédia pode afirmar, um deus da mitologia grega. O que distinguia Orfeu dos outros deuses era o seu talento para a música e para a poesia. Conta-se que o canto de Orfeu tinha o poder de atrair animais terrestres e aves, assim como as contemporâneas princesas de Walt Disney fazem nos filmes.

Além da gramática, da aritmética e da astronomia, os gregos davam muito valor à música. Nomes, como o de Platão e Pitágoras, podem aparecer em artigos de música. Não por acaso, a música dos ainurs criou o Universo da Terra Média em Tolkien.

Mas não é preciso discorrer tanto sobre a música para chegar ao ponto essencial: o canto orfeônico. Como vocês devem imaginar, o canto orfeônico consiste na utilização da voz, principalmente, e de outros instrumentos, como a lira, para o encantamento dos animais. Surpreendi-me ao constatar em documentos que este tipo de canto não era visto como uma litania ou como uma insanidade. Para meu espanto, este gênero musical era ensinado em Écoles bem conceituadas na Idade Média.

Por sorte descobri um pouco do que se ensinava naquela época, ou seja, o “programa da disciplina”. Além de técnicas vocais, como respiração, classificação e colocação da voz, o futuro orfeão deveria aprender alguns "rituais" essenciais. Em primeiro lugar, aprendia-se a atitude do orfeonista, e, pelo que pude entender, tanto a posição como os gestos do músico eram fundamentais para o encantamento do animal. Além disso, antes de iniciar sua prática o orfeão deveria realizar uma saudação orfeônica, como uma espécie de demanda de permissão para a natureza, que promoveria a perfeita sintonia entre o orfeão e a natureza.

Encantada com os métodos de ensino do canto orfeônico, ainda agora me pergunto quais as razões que privaram o nosso tempo desta modalidade de canto. Talvez ele fosse pudesse propiciar ao homem a comunicação com os outros seres, talvez lembrasse ao homem que ele também é parte da natureza e do cosmo, talvez...

Não sei até que ponto o leitor acompanhou o meu encanto por este canto, até a pouco, desconhecido por mim, mas gostaria de dizer-lhes que não se deixem enganar por minhas palavras. O canto orfeônico existe ainda hoje e não é a arte de encantar animais, muito menos o documento que eu encontrei era da Idade Média, na verdade era apenas o programa da cadeira de música e canto orfeônico de uma escola maranhense do séc. XX. A definição acima eu inventei, canto orfeônico consiste em um canto coletivo praticado por estudantes, e chegou a ser obrigatório em alguns países, como a França. Não deixa de ser interessante, mas eu preferiria se fosse de outra forma...

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Frases que marcam o Brasil

Coerção, em uma compreensão básica, é a ameaça da aplicação de alguma sanção por parte de um indivíduo de forma a induzir outro indivíduo a uma ação. Para Dahl, teórico das Ciências Sociais, a coerção consiste em uma mudança das possibilidades do outro indivíduo. Este conceito não é tão difícil entender quando se pensa no Brasil.

Uma famosa frase da nossa história pode, fora de um contexto, ser considerada um exemplo de frase coercitiva, ou melhor, de uma imposição. Estou falando da clássica "Independência ou morte!”, proferida pelo príncipe regente às margens do Ipiranga, em 7 de setembro de 1822. A frase que virou título de capítulo em livros de História e que integra o refrão do nosso Hino da Independência.

Como disse, fora do contexto, esta frase é uma baita coerção! Ou Portugal consentia com a independência da sua colônia ou morria. Na verdade, até hoje tenho dúvidas sobre quem morreria. Será que Dom Pedro I estaria disposto a morrer lutando? Será que as elites brasileiras estariam dispostas a isso? Especulações a parte, a verdadeira coerção foi imposta um pouco antes do "grito de liberdade". Basta recorrer ao seu livro de História do Brasil para relembrar que a Corte portuguesa havia dado um ultimato a D. Pedro, desautorizando suas ordens e o ameaçando de perder a sucessão ao trono. Assim, diante deste ultimato, as possibilidades do príncipe regente mudaram.

Desta forma, a coerção pode ser observada em muitos momentos da nossa vida, não só em grandes eventos, mas nas pequenas relações, na família, na escola etc. Pensando na célebre frase de 7 de setembro, me recordei de outra frase...

Uma que é dita em diferentes horas do dia, em feriados, fins de semana e dias úteis. Que não é proferida por nenhum príncipe, mas por diversas pessoas, de diversas classes, nobres ou não. Que não é dita à margem de riachos, mas à margem de lagoas, em ladeiras, em pontos de ônibus etc. Aquela que foi adotada por diversos brasileiros, por diversas razões. Que, por gozação, é dita como "característica" da cultura brasileira. E que, com freqüência, muda as alternativas de diversos brasileiros. Não poderia ser outra...

"A bolsa ou a vida!"

terça-feira, 6 de maio de 2008

A primeira pessoa

Eu pensou em escrever um texto. Sobre ele. Começaria assim: Eu...
Mas Eu pensou que talvez os Outros nem se importassem em saber o que ele queria tanto escrever. Na verdade, até acho que Eu tava certo. O que importava todas as coisas que ele tinha percebido há alguns minutos?

Pensou, então, em escrever um texto muito bom, com outras palavras, mas que no fundo deixasse como mensagem exatamente o que Eu tava sentindo. O "grande lance" era não ser na primeira pessoa.

Oras, que preconceito com a pobre dessa pessoa. Parecia que ninguém se interessava por ela. Eu parou para se entristecer, afinal, era exatamente das desventuras dessa pessoa que queria falar.

"Mas, meu caro Eu, a literatura é universal. Não pode se prender a vida de uma simples primeira pessoa, não pode ter somente a função emotiva." Eu esperou que algum sábio pronunciasse estas palavras ao seu ouvido. Porém, sem que isso ocorresse, Eu regressou a consciência. Que fato peculiar era aquele, porque logo ele tinha que ser A primeira pessoa. Porque primeira? Porque hierarquizar pessoas?

Pensando em todas essas fracas reflexões de Eu, eu resolvi escrever, e mesmo que, como Eu, não desejasse inventar mais nenhuma outra história, acabei demonstrando tudo o que queria dizer. Como o bom escritor é aquele que se faz entender, acho melhor me explicar. E nessa empreitada, me entristeço, mais uma vez assim como Eu.

Existem coisas nessa vida que me são muito caras, e me apoio nestas coisas para, vez ou outra, me entender como parte de alguma coisa. Como agente, se é que me entendem. No entanto, sempre há esse momento, como este em que escrevo, em que me percebo na realidade, e qualquer coisa besta pode me levar a isso. É nesse momento que percebo, que não sou boa em nada e mesmo que fosse talvez não fizesse qualquer diferença, pois o mundo...grande e cheio de gente...

Bem, esse mundo sempre segue adiante...
sem mim e Eu.
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